Separando a verdade da ficção: conheça farsas e lendas urbanas
03 JUL 2023
Boatos, lendas urbanas e farsas: o que são?
Boatos, farsas e lendas urbanas são tipos de desinformação, que diferem em suas fontes e características, bem como nas intenções daqueles que as propagam.
No passado recente, os boatos e lendas urbanas costumavam ser difundidos na forma da oralidade, em conversas, mas atualmente não é incomum a sua circulação na internet. Pode não existir necessariamente uma intenção maliciosa na sua criação, mas sempre faltam fontes confiáveis, tornando difícil – se não impossível – verificar sua legitimidade. Já as farsas são narrativas falsas criadas geralmente para enganar indivíduos específicos ou apenas pessoas aleatórias. Ao serem lançadas na internet, as farsas tendem a ser propagadas organicamente por pessoas que acreditam em sua veracidade.
Seis casos famosos de desinformação: de baleias azuis a doces venenosos de Halloween
A desinformação sempre esteve presente em nossa sociedade, com a internet e as redes sociais, tornou-se ainda mais difícil distinguir a ficção dos fatos, especialmente para as crianças. Quais tipos de informação você e as crianças podem encontrar on-line?
1) O desafio da baleia azul
O desafio da baleia azul surgiu na Rússia, em 2016. Supostamente, tratava-se de um jogo on-line para o público adolescente, que consistia em uma série de 50 tarefas. Para completar a tarefa final, as pessoas eram encorajadas a cometer suicídio. As notícias sobre o jogo se espalharam por diversos canais, incluindo redes sociais, aplicativos de mensagens e fóruns on-line, e acabaram provocando pânico entre cuidadores e autoridades em todo o mundo. Naturalmente, era bastante preocupante que um jogo on-line pudesse ter como alvo adolescentes vulneráveis, incentivando-os a se machucarem.
No entanto, não há evidências de que o jogo tenha existido. Aparentemente, cuidadores e personalidades da mídia conectaram diferentes informações em um enorme caso de desinformação. Por exemplo, em alguns fóruns on-line, a baleia azul se tornou um símbolo de suicídio, o que pode estar relacionado à solidão e serenidade associadas aos gigantes do mar. Por fim, relatos de suicídios associados ao jogo foram desmascarados e foi revelado que Philipp Budeikin, que havia confessado a criação do jogo, provavelmente tenha inventado apenas para promover sua banda e criar publicidade. Embora o desafio da baleia azul tenha se revelado uma farsa, outros desafios on-line enganosos podem causar danos, como o desafio do paracetamol, o desafio da canela e o desafio Tide Pod.
2) O desafio da Momo
O desafio da Momo ganhou ampla atenção em 2018. De acordo com a mídia, envolvia o uso de uma imagem assustadora de uma mulher com olhos protuberantes e corpo semelhante a um pássaro para assustar e intimidar crianças, induzindo-as a machucarem a si e aos outros. Também se acreditava que o rosto assustador de Momo aparecia em conteúdos do YouTube destinados a crianças. No entanto, apesar da atenção e pânico generalizados em torno do desafio da Momo, foi revelado que se tratava de uma farsa.
Momo é, na verdade, uma escultura criada por um artista japonês, que nunca teve a intenção de fazer parte desse abjeto caso de desinformação. Nunca foi confirmado que o rosto de Momo tenha aparecido em qualquer vídeo destinado a crianças e, embora exista a possibilidade de algumas crianças teremrecebido mensagens com a imagem assustadora da mulher, pode ter acontecido como resultado do pânico midiático em torno do caso.
3) A farsa do palhaço assassino
O medo de palhaços violentos se espalhou rapidamente pelos Estados Unidos em 2016. Foram divulgadas informações nas redes sociais e meios de comunicação social públicos sobre o suposto perigo de pessoas vestidas com fantasias assustadoras de palhaço em lugares públicos, frequentemente segurando armas e agindo de forma ameaçadora. As aparições assustadoras rapidamente resultaram em um pânico generalizado entre o público.
No entanto, embora pessoas vestidas de palhaço tenham recebido ampla atenção da mídia, na maioria dos casos, nenhuma violência real foi cometida, e os indivíduos envolvidos eram em sua maioria adolescentes ou jovens adultos em busca de atenção ou tentando viralizar nas redes sociais. Ainda assim, foram realizadas algumas prisões relacionadas à farsa, e muitas pessoas ficaram ansiosas e assustadas.
4) Doces perigosos de Halloween
O medo de que doces sejam adulterados com drogas, veneno ou lâminas de barbear e entregues a crianças no Halloween existe há décadas. No entanto, embora tenha ocorrido alguns incidentes isolados relacionados a doces de Halloween ao longo dos anos, a grande maioria dos relatos se revelou uma farsa.
Há pouca ou nenhuma evidência que sustente esse medo, mas muitos cuidadores permanecem cautelosos em relação aos doces que as crianças recebem ao brincar de “travessuras ou gostosuras”. Algumas cidades até mesmo oferecem exames de raio X nos doces das crianças a fim de garantir a segurança do consumo. É importante, porém, lembrar que o medo de doces envenenados é, em grande parte, uma farsa recorrente. De fato, lendas urbanas e farsas envolvendo crianças e alimentos potencialmente prejudiciais são bastante comuns. Por exemplo, uma lenda urbana afirma que as pontas das bananas podem conter veneno de cobra e, em 2008, um homem causou pânico ao falsamente confessar ter envenenado uma fórmula infantil.
5) Lâminas de barbear em parques aquáticos
Outra lenda urbana comum afirma que foram encontradas lâminas de barbear dentro ou em torno de atrações de parques aquáticos, como tobogãs e piscinas de ondas. Porém, há poucas evidências para sustentar essas alegações, que provavelmente são resultado de um pânico infundado.
Os cuidadores devem lembrar que a maioria dos parques aquáticos dispõe de protocolos rigorosos para garantir que suas atrações sejam livres de riscos. Seguindo as regras e orientações fornecidas pelos parques aquáticos, não há motivo para se preocupar com esse tipo de perigo.
6) Crianças gravemente doentes precisam da sua ajuda
Ao longo dos anos, tem havido inúmeras farsas relacionados a crianças doentes que supostamente necessitam de assistência financeira. Um caso notável foi a farsa de Amy Bruce, que envolvia uma criança (inexistente) em estágio terminal, que receberia uma pequena quantia de dinheiro cada vez que sua história fosse compartilhada na internet, ou sempre que um poema escrito por ela fosse encaminhado para um novo usuário. Da mesma forma, também houve muitas postagens em redes sociais sobre uma criança com queimadura chamada Alexandra, e posteriormente foi revelado que as fotos da história vieram de fontes on-line e a própria Alexandra nunca de fato existiu.
Muitas vezes, essas farsas envolvendo crianças doentes nem mesmo exigem dinheiro, apenas atenção. Ainda assim, aproveitam-se das emoções e solidariedade de pessoas sensíveis e, com o tempo, conduz à perda de confiança em todos, até mesmo naqueles que realmente precisam de ajuda.
Existem diversos boatos, farsas e lendas urbanas na internet que poderiam ser listados aqui. No entanto, é mais importante falar sobre um olhar crítico sobre o que vemos na internet do que conhecer os detalhes de cada caso de desinformação. Aprenda a distinguir entre ficção e realidade – e ensine as crianças.