“Mãe, estou pronto(a)!” Qual o momento certo de dar às crianças o seu primeiro celular?

04 JAN 2024

Atualmente, as crianças nos observam usando dispositivos inteligentes desde que nasceram – e talvez até tenham interagido com eles, ocasionalmente. Os smartphones facilitam a comunicação, criação e entretenimento. Portanto, não é de se admirar quando os pequenos nos pedem para ganharem um dispositivos. Como podemos saber se as crianças estão prontas para dar esse grande passo? Pedimos respostas à psicóloga infantil Jarmila Tomkova.



Antes de as crianças adquirirem o seu primeiro smartphone, já devem estar familiarizadas com o mundo on-line e com os dispositivos inteligentes. Em que momento os responsáveis devem começar a educá-las sobre o assunto?

Podem apresentar o básico bem cedo. Até mesmo os bebês já têm contato com a tecnologia hoje. Podemos, por exemplo, convidar os pequenos a participarem de videochamadas ou assistirem contos de fadas em nossos telefones. Naturalmente, por volta dos 3 ou 4 anos de idade, as crianças começam a se interessar por dispositivos inteligentes, mas ainda os veem como brinquedos interessantes. Nessa idade, podemos explicar-lhes, aos poucos, como funcionam os smartphones e de que formas podem ser usados.



Não é cedo demais para entenderem?

Não quando ensinamos pelo exemplo. Quando falamos com as crianças sobre tecnologia, nossas palavras não devem ser abstratas, separadas da realidade. Colocado de forma simples, a melhor opção é explicar as tecnologias enquanto as usamos na frente das crianças e junto delas. Podemos mostrar, por exemplo, que ao apertar uma opção, é possível ligar para outros familiares, mesmo para aqueles que moram longe de nós. É similar ao que fazemos quando mostramos como utilizar o elevador, deixando-os apertar o botão. Da mesma forma, com as crianças em idade pré-escolar e os jovens do ensino fundamental, podemos baixar aplicativos e os descobrir juntos. Também pode ser útil procurar materiais educativos, vídeos ou jogos para tornar a aprendizagem mais interativa e divertida.



O que as crianças devem saber antes de ganharem seu primeiro smartphone?

Há muitos assuntos para discutir. As crianças devem saber como utilizar a tecnologia em situações do mundo off-line. Por exemplo, devem saber que não podem ficar olhando para o telefone ao atravessarem a rua ou conversarem com alguém. Também devem aprender os princípios básicos de segurança, como não aceitar chamadas de números desconhecidos ou clicar em links de e-mails ou mensagens aleatórias. Ainda, precisam saber que podem ajustar as configurações dos dispositivos para ficarem mais seguros. E mais: para ajudar os pequenos no aprendizado disso tudo, precisamos dar-lhes tempo e ensinar um passo de cada vez. Não podemos esperar que absorvam todas as informações necessárias imediatamente. É como aprender um novo idioma – não podemos partir do livro avançado. Devemos primeiro trabalhar nas lições para iniciantes.

“Antes de os responsáveis comprarem um smartphone para seus filhos, devem se perguntar: "Meu filho(a) já é maduro(a) o suficiente para se beneficiar de todas as possibilidades que os smartphones oferecem?' Se a criança só usa o smartphone como brinquedo, a resposta é não.”



Ao apresentar as tecnologias inteligentes às crianças, será que deveríamos começar com smartphones? Ou será que existem outros dispositivos mais adequados para quem está em seu primeiro contato com um dispositivo?

Acho que um tablet é o melhor dispositivo para começar. Por quê? Como eu disse, as crianças pequenas se interessam por tecnologias inteligentes como brinquedos. Os tablets são maiores, tornando seu uso mais fácil. Além disso, um tablet pode ser compartilhado entre várias pessoas ou até mesmo uma família inteira para que se comece a aprender a usar a tecnologia sem manusear o aparelho. Com alunos do ensino fundamental, uma outra opção é convidá-los a mexerem em nossos smartphones na nossa companhia. Dessa forma, têm a chance de se familiarizarem com os processos e regras de uso seguro dos dispositivos. Mas isso ainda não significa que estejam prontos para terem seu próprio smartphone, é claro. Se quiser dar aos seus filhos um dispositivo que facilite a comunicação com você – talvez no início da fase escolar – recomendo começar com um telefone antigo, que tenha teclado. Esse pode ser o primeiro telefone sob responsabilidade da criança. Dessa forma, podem aprender a manusear seus dispositivos de forma responsável e os utilizar para estabelecer uma comunicação segura antes de lidarem com outros recursos, como as redes sociais.



O ponto principal é: quando as crianças estão prontas para terem um smartphone?

Eu diria que aos 10 anos de idade, ou talvez até um pouco antes. Mas esse “marco etário” vem diminuindo com o passar do tempo. Eu costumava reforçar que os responsáveis não dessem smartphones aos seus filhos antes dos 11 anos. Mas sempre sugeri, e ainda sugiro, que deixem os filhos esperar um pouco até ganharem o primeiro smartphone. Talvez alguns meses ou um ano depois de pedirem para terem um, pela primeira vez.



Por que essa espera?

Saber esperar é saudável para as crianças; auxilia no gerenciamento de suas necessidades e desejos. Mas, idealmente, não se deve apenas negar o pedido dizendo: “Não, não vamos comprar um smartphone para você agora; talvez mais tarde.” É interessante explicar às crianças o que precisa acontecer antes de ganharem um telefone. Podemos dizer, por exemplo: “Você ganhará seu próprio smartphone daqui um ano. Antes disso, vamos passar um tempo juntos explorando o mundo digital e aprendendo como usá-lo de forma responsável.”



Além da idade, que outros aspectos devem ser considerados?

Antes de uma criança ganhar o seu primeiro smartphone, é essencial que a sua compreensão do mundo tenha progredido do concreto para o abstrato. Isso costuma acontecer por volta dos 10 ou 11 anos. Uma criança de 7 anos confia quase cegamente no mundo e pode ser facilmente manipulada. Ainda acham difícil desenvolver um raciocínio crítico, compreender conceitos abstratos ou saber que suas ações têm consequências. Não entendem que algumas pessoas no mundo digital podem falsificar suas identidades ou querer prejudicá-las. Seria irresponsável deixar que utilizassem um smartphone por conta própria nessa idade.



E se os pais acreditarem que seus filhos são extraordinariamente talentosos?

Mesmo as crianças extremamente inteligentes continuam a ser “pensadoras do concreto” quando são pequenas. O processo de desenvolvimento cognitivo é gradual e não pula nenhuma etapa – mesmo no caso de crianças superdotadas. Podem até ser capazes de se comunicarem bem, explicarem seus pensamentos perfeitamente ou até mesmo lidarem com tecnologias com habilidade aos 7 anos de idade, mas isso não significa que sejam capazes de elaborar um pensamento abstrato e verdadeiramente crítico.

“Se apresentarmos um smartphone às crianças no momento certo, o dispositivo será beneficioso para a sua vida – e não uma distração.”



Existem outras habilidades que devem ser avaliadas?

Devemos prestar atenção à capacidade de socialização dos nossos filhos. Desde cedo, as crianças precisam aprender a brincar e a conversar com outras pessoas, criando vínculos. A introdução de dispositivos inteligentes antes de aprenderem essas habilidades pode distraí-las do desenvolvimento de outras habilidades necessárias. Mesmo que o telefone seja colocado no bolso ou na bolsa, a criança pode ficar muito obcecada por ele e, portanto, tornar-se incapaz de se concentrar nas interações cara a cara, bem como na beleza e nos desafios do mundo off-line. Isso pode se tornar um grande problema. É essencial que as crianças saibam fazer amigos – por várias razões. Uma delas é que, com relacionamentos estáveis, há menos propensão de desenvolverem um vínculo prejudicial com o mundo on-line ou a sofrerem de dependência de internet.



Alguns pais defendem uma abordagem de “zero tecnologia” e tentam isolar seus filhos da tecnologia inteligente durante o maior tempo possível. O que você pensa sobre isso?

Não é funcional; as crianças eventualmente irão se deparar com a tecnologia, seja na escola, com os amigos ou em outros lugares. Não podemos isolá-los da tecnologia. O que podemos fazer é prepará-las para acessarem as possibilidades digitais de forma segura. Se escolhemos o caminho “zero tecnologia”, é o mesmo que deixar conduzirem um carro sem nunca lhes terem dado aulas de condução. Na verdade, uma educação suficiente é um marco essencial para determinar se uma criança está pronta para ganhar o seu primeiro smartphone. Estamos preparando bem as crianças? Elas estão familiarizadas com os benefícios e riscos do uso de um smartphone? E sabem como eliminar ou pelo menos diminuir o risco que as redes sociais apresentam? Caso contrário, talvez devêssemos dedicar um pouco mais de tempo para discutir essas questões antes de permitir que nossos filhos usem um smartphone por conta própria.



Você mencionou benefícios e riscos. Quais são alguns dos principais benefícios de dar um smartphone aos nossos filhos?

Os smartphones podem ser úteis de diversas maneiras. Eles permitem que as crianças se comuniquem com amigos e explorem hobbies. Os dispositivos inteligentes são especialmente benéficos quando são usados ativamente, e não passivamente. O que quero dizer é que, em vez de navegar sem rumo pelas redes sociais, as crianças podem usar os dispositivos para criarem algo próprio. Por exemplo, podem produzir fotos ou vídeos criativos. Por último, visto que os smartphones permitem que as crianças encontrem informações de forma independente ou até venham a criar seus próprios conteúdos, também podem ajudá-las a desenvolverem o seu senso de autonomia e confiança.



E quanto aos riscos?

O mundo on-line é, em muitos aspectos, semelhante ao off-line. Sim, existem perigos. Algumas partes não são legais e preferiríamos não as conhecer, e há pessoas que querem machucar outras. Mas também há muitas oportunidades e beleza. Não devemos separar as crianças da tecnologia, tal como não devemos trancá-las em casa para protegê-las do que acontece lá fora. Em vez disso, devemos apresentar, gradualmente, o mundo aos nossos filhos – tanto off-line como on-line – caminhando ao lado deles e garantindo que estamos sempre disponíveis para ajudar.

Fonte: SaferKidsOnline.com



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