Cultivando a independência e garantindo a segurança
04 SET 2024
Encontrando o equilíbrio: Cultivando a independência e garantindo a segurança
Autora: Alžbeta Kovaľová
Como pais, todos nós queremos ver nossos filhos prosperarem e se tornarem independentes, especialmente no uso do mundo digital. Entretanto, ao incentivarmos a liberdade e a autoconfiança, muitas vezes nos vemos lutando contra a preocupação constante com a segurança deles. Equilibrar a liberdade de exploração dos nossos filhos e a necessidade de protegê-los de possíveis danos pode ser bastante desafiador.
Neste blog, seremos acompanhados pela psicóloga infantil Jarmila Tomkova para explorar o delicado equilíbrio entre nutrir a independência dos nossos filhos e abordar nossas preocupações parentais naturais. Juntos, vamos nos aprofundar em estratégias para promover o senso de autonomia em nossas crianças, ao mesmo tempo que implementamos medidas de segurança para garantir seu bem-estar.
"Estabelecer limites entre liberdade e segurança não é um conceito fixo", explica Jarmila. "É muito individual e depende da idade e da prontidão da criança. Por um lado, os pais precisam de informação para poderem deixar ir e confiar que a criança permanecerá segura online e offline, mas, por outro lado, ao permitir que a criança tenha uma sensação de liberdade, estamos construindo a sua confiança na sua própria tomada de decisões, o que será útil mais tarde."
"É importante notar que nada na vida é 100% certo", enfatiza Jarmila. "Embora possamos ter 100% de certeza de que a criança está segura ao controlar todos os seus movimentos online, sua segurança total no futuro e sua prontidão para tomar suas próprias decisões são construídas de forma diferente. Ainda assim, a liberdade total desde muito jovem também não é boa. Precisamos trabalhar junto com a criança para determinar quando e como ultrapassar os limites."
Os limites são específicos da idade
"Crianças com menos de 9 anos, principalmente aquelas no jardim de infância e nas primeiras séries do ensino fundamental, são os primeiros usuários do mundo digital. Esta é a idade em que o controle e o monitoramento total não são apenas preferidos, mas necessários e psicologicamente importantes", explica Jarmila. "Seu sistema cognitivo e pensamento ainda não conseguem tomar decisões independentes e precisam de orientação, quase como um manual do usuário. As crianças precisam de limites para não se sentirem presas no caos."
"Não é necessário apenas estabelecer limites sobre o quanto eles podem usar seus dispositivos – o agendamento de seus "intervalos de tempo de atividade online" contribui para sua saúde e psico-higiene, mas também em que horários e que tipo de aplicativos e sites eles podem acessar, bem como o conteúdo que é aceitável. Assim como mostramos a eles como escovar os dentes corretamente. Mostramos a eles que é preciso escovar os dentes duas vezes ao dia e que também é bom usar fio dental, mas não é muito benéfico comer doces o dia todo. "A criança pode não gostar das regras no começo, mas ao lembrá-la diariamente e orientá-la durante a atividade, isso se tornará um hábito, onde nossa supervisão será cada vez menos necessária", enfatiza Jarmila. "Ensinar as crianças sobre comportamentos adequados online pode acontecer por meio de ações, vídeos, jogos e aproveitando o espaço online juntos, em vez de apenas um conjunto de regras."
"Dar orientações adequadas ao seu filho antes que ele tenha mais liberdade é a melhor maneira de prepará-lo para o que está por vir", aconselha Jarmila. "Quando a criança está um pouco mais velha (início da adolescência, 10 a 13 anos de idade), o paradigma começa a mudar. Elas podem até pedir mais liberdade quando sentirem que conseguem lidar com isso. É bom ouvi-las e juntos descobrir a melhor maneira possível de seguir em frente. Aqui começamos a mudar do controle total para o monitoramento, com os pais definindo regras com base em uma conversa com a criança, mantendo as necessidades e desejos da criança em mente."
Conforme a criança se aproxima da idade adulta, Jarmila aconselha: "É essencial confiar na criança e garantir que ela não passe todo o tempo online, tenha atividades e não tenha grandes problemas. Eu só retornaria ao monitoramento caso surgissem problemas sérios."
Razões para retornar ao monitoramento e controle
Nos primeiros anos, é importante controlar e monitorar totalmente o comportamento online de uma criança. Conforme crescem e amadurecem, gradualmente damos mais liberdade e assumimos o papel de guia em vez de superiores. No entanto, há casos em que retomar o controle pode ser necessário e benéfico.
As razões para retornar ao monitoramento e controle podem incluir:
- Uso excessivo do espaço online
- Negligência de outras atividades
- Sigilo em seu comportamento online
- O mundo online está se tornando maior que o mundo offline
"Se a criança estiver passando muito tempo online e isso estiver afetando suas outras atividades e personalidade, é importante rever as regras que definimos e tentar encontrar uma solução", aconselha Jarmila. "Se houver um problema sério, pode até ser uma boa ideia conversar com um profissional. O uso de ferramentas e medidas de segurança também pode ser benéfico, principalmente com crianças pequenas, mas mesmo crianças mais velhas podem se beneficiar em certas circunstâncias. Entretanto, recomendo fortemente o uso do diálogo e da compreensão antes de quaisquer medidas desse tipo com crianças mais velhas."
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"Preciso enfatizar que, a menos que haja um problema, pode fazer mais mal do que bem controlar excessivamente a criança e não permitir que ela tenha liberdade. "Isso pode ter um impacto na saúde mental deles, no nosso relacionamento e na confiança deles", enfatiza Jarmila quando perguntada por que a liberdade é tão importante. "Se eles estão interagindo com o resto do mundo e não vivem apenas no celular, não há razão para restringi-los."
Riscos de controlar demais uma criança – se não houver razão para restringir
Relação pais-filhos: perda de confiança, sentimentos de insignificância, falta de poder e voz, diminuição da autoestima, sensação adquirida de desamparo e diminuição da capacidade de tomar decisões independentes.
Impacto social: dificuldade de adaptação aos colegas, falta de compreensão da dinâmica social e da cultura e desafios na integração social.
Confie em você! Você fez um bom trabalho
Antes de tudo, é importante entender que tudo o que fazemos é e deve ser em benefício da criança, não para superar nossas próprias inseguranças. "Nada que fizermos será 100%. Gosto de pensar nisso como a regra dos 70. 70% é bom o suficiente; quanto mais pressionamos a nós mesmos e aos nossos filhos, menos benéfico é para eles, para nós e para o nosso relacionamento", explica Jarmila. "Os pais precisam confiar que as regras e as maneiras que ensinaram aos filhos quando eles eram pequenos foram boas o suficiente. Eles fizeram a parte deles. Agora cabe à criança navegar em sua própria vida."
Cometer erros é algo muito humano, e nossos filhos os cometerão assim como nós. "Sim, pode chegar um momento em que vemos nossos filhos lutando, cometendo erros, mas isso é uma oportunidade, não o fim do mundo. Mostre a eles como aprender com seus erros e como seguir em frente. Esteja lá para apoiá-los, mas não os pressione. Situações como essas podem ser oportunidades de aprendizado para ambos", conclui Jarmila.